Painel reúne representantes da cadeia de saúde para debate de inovação

Temas como humanização e atendimento centrado no paciente se destacaram,
time também debateu sobre escalabilidade, custos e segurança

O primeiro painel médico-hospitalar da 7ª edição do CIMES reuniu elos da cadeia de saúde para debater “Onde estamos com a tecnologia”. Ao longo da apresentação, alguns temas foram recorrentes: a humanização dos procedimentos e uma gestão centrada no paciente, segurança, e a importância da indústria e da luta contra o desperdício.

Moderando o debate, Dirceu Barbano, diretor da B2CD e ex-presidente da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), declarou que o tema é “provocativo” e destacou que o painel foi muito importante por sua abrangência. “Temos, aqui, pessoas diretamente envolvidas em todos os processos. Especialistas de pesquisa e desenvolvimento, provedores de tecnologia, responsáveis pela ponte entre a tecnologia e os usuários, e hospitais, que são grandes consumidores”.

Participando do debate, André Luiz Baptiston Nunes, diretor do grupo Imed, foi pontual ao falar sobre a forma como os dados são utilizados – e encriptados – atualmente no nosso sistema de saúde. Incentivando uma mudança cultural para que haja maior uniformização, declarou: “É preciso pensar no paciente como objetivo, e não como propriedade dos médicos, dos sistemas e das instituições”.

Colocando novamente o paciente como personagem central de todo o sistema, Ricardo Valentim, do LAIS (Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde), aproveitou a oportunidade para mostrar como o laboratório lida com essa posição junto aos seus alunos. “O olhar da tecnologia deve estar centrado no paciente. Quando olhamos mais de perto, vemos que o maior trabalho do profissional de saúde é cuidar do paciente e deixar, para a máquina, o trabalho da máquina”. Concordando com Valentim, Nunes comentou que “no fundo tudo acaba relacionado à gestão, mas o paciente está cada vez mais importante”.

E quando se fala sobre colocar o paciente como pilar da inovação, é impossível dissociar a segurança do ambiente hospitalar. Ponto em que Luiz Fernando Lima Reis, diretor de ensino e pesquisa do Hospital Sírio Libanês, pode contribuir amplamente. “Dentro de um hospital tenho certeza que não há nada mais relevante do que a segurança. Não precisamos reduzir custos, pois saúde custa. Temos que nos preocupar em reduzir o desperdício”.

Adentrando nessa questão de custo e investimento, o grupo optou por falar da importância da indústria e da necessidade de escalabilidade da tecnologia. “Vejo com bons olhos o enorme desenvolvimento da indústria nacional que se empenha em trazer, para o paciente, critérios de qualidade e segurança que beneficiam os pacientes”, comentou antes de reforçar que é preciso analisar como a tecnologia de fato entregará valor ao usuário. “Quando o paciente vai ao hospital ele busca uma solução para seu problema. E cada vez que utilizamos uma tecnologia que não entrega esse valor, estou desperdiçando. E combater esse desperdício é o grande desafio”.

Pensando no atual formato da economia brasileira, Valentim afirma que mesmo dentro de um sistema capitalista, podem haver reinvenções. “Podemos começar a falar em economia 4.0 dentro da quarta revolução industrial. A inteligência artificial consegue escalar, maximiza o cuidado, valoriza o trabalho do profissional. E quando investimos nisso, ampliamos o ganho”, disse.

Complementando a relação da inteligência artificial e da tecnologia com a melhoria de custos, José Cláudio Terra, diretor de inovação do Hospital Albert Einstein, pontuou. “Tecnologias como chats e telemedicina garantem o acesso. E isso só é possível com escala”. Em concordância com Terra, Jefferson Gomes Fernandes, consultor e membro da Associação Paulista de Medicina, finalizou: “Tecnologia aumenta acesso, reduz custo e pode ser feita com eficácia e segurança”.