Empresa que busca investimento precisa focar no paciente

Empresariado precisa destacar a externalidade de seus
projetos na solicitação de crédito pelo BNDES

O cenário da saúde vem mudando constantemente ao longo dos anos e, hoje, muito do que se debate diz respeito à humanização dos atendimentos e a necessidade de todos os players da saúde terem, como foco, o paciente. Na cadeia produtiva, o pensamento segue o mesmo, principalmente para quem está inovando e precisa de aportes financeiros para seguir com seus projetos.

Foi o que afirmou João Paulo Pieroni, chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde do BNDES, ao detalhar o processo de análise de projetos para financiamento por meio do banco público na última edição do CIMES (Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde). “Até pouco tempo atrás tínhamos apenas projetos focados em gestão hospitalar, porém os projetos que trazem melhorias de fato para o usuário vêm fundamentando nossas decisões. O paciente tem que ter um benefício real daquela inovação além, obviamente, de agregar todo o aspecto ecológico”, destacou durante sua apresentação no congresso.

Com o embase da Saúde 4.0 modificando as relações e as tendências de mercado, inovações (sejam disruptivas ou incrementais) surgem principalmente por percepções do usuário, seja ele o profissional da saúde responsável pelo manuseio de um equipamento, seja o paciente que alerta sobre melhorias relacionadas a este ou aquele procedimento. “O que percebemos é que temos bons casos de aplicação de novas tecnologias e até mesmo de Internet das Coisas, mas são aplicações pontuais. Não temos, por enquanto, produção em escala ou uma política abrangente para perceber os efeitos de forma mais clara”, relata Pieroni.

Avaliação do BNDES – No início deste ano o BNDES apresentou mudanças significativas em suas políticas operacionais. Atuando como indutor do desenvolvimento sustentável, passou a priorizar investimentos que apresentem benefícios para a sociedade e não apenas para o investidor, tomador do crédito. Lembrando que investimentos em saúde, educação, inovação, exportação, MPMEs e meio ambiente estão na linha de frente das prioridades do banco.

No caso, é indispensável que o projeto elaborado para solicitação de crédito no BNDES enfatize quais são esses benefícios à sociedade e, na área de saúde, como o paciente e o usuário final serão beneficiados com a implementação daquela nova tecnologia. E é justamente neste ponto que o empresariado brasileiro vem errando.

Para Pieroni, acostumado a lidar com acesso à aportes financeiros na área de saúde, o projeto que destaca o ganho real do paciente não recebe um fast track formal, mas de forma indireta transpõe mais rapidamente as etapas do processo de aprovação. “Externalidade é a palavra-chave. Muitas vezes o projeto chega e não deixa claro qual é o seu mérito. E nesse processo de troca de informações entre o banco e a empresa é que o tempo para aprovação se alonga”, destaca ao mencionar que a regra do banco é sempre seguida igualmente em todos os casos, analisando todas as vertentes que envolvem também questões financeiras e de cadastro da companhia solicitante.

Dedicada ao setor da saúde, a ABIMO oferece todo o suporte às suas associadas na hora de definir quais as melhores e mais adequadas linhas de financiamento no mercado, procurando identificar, também, as dificuldades por elas relatadas para colocar em discussão com os órgãos de financiamento.