Apresentação 6º CIMES

Aconteceu nos dias 17 e 18 de agosto o CIMES (Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para a Saúde). Este é um evento anual promovido pela ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios) que chegou à sua quinta edição e recebeu grandes nomes nacionais e internacionais da indústria, da academia e do governo na área da saúde para debates sobre a importância da inovação em equipamentos médicos e odontológicos.

Após dois dias de intensas apresentações com foco na inovação tecnológica da cadeia de saúde, a sexta edição do CIMES (Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para Saúde) foi encerrada, com uma plenária a fim de debater qual o futuro do setor mediante à revolução industrial que leva o segmento a um novo patamar tecnológico.

Moderado por Paulo Henrique Fraccaro, superintendente da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios), o encontro provocou os participantes a uma nova racionalização sobre o que a cadeia de saúde pode esperar desta enorme revolução industrial que leva o setor a um momento inovador: o da saúde 4.0. “Esse é o assunto do momento, um tema provocador que nos permite o sonho de uma medicina quase ideal onde o médico saberá tudo o que passa com o paciente. Vamos trabalhar essas barreiras, esses conceitos dessa fase revolucionária que estamos vivendo”, comenta Fraccaro ao abrir o debate.

Com um discurso bastante abrangente, Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da USP (Universidade de São Paulo) não mediu palavras para apontar os erros e os acertos brasileiros na luta por essa evolução. “A medicina brasileira não está no 4.0, mas sim no 2.0”, diz ele que relembra que, há alguns anos, a medicina era feita com base em três Es: Escutar, Examinar e Explicar. Hoje, é possível acrescer mais duas ações a essas três. Seriam elas “escrever”, para que o conhecimento obtido seja repassado; e “eHealth”, já que a tecnologia da informação e a informática vêm transformando o setor.

O Brasil, que evolui dentre erros e acertos, deveria ter aproveitado melhor cada experiência, seja ela positiva ou negativa. “Temos mais a aprender com nossos acertos e nunca aprendemos o suficiente com nossos erros”, menciona Vecina ao detalhar o fechamento da CEME (Central de Medicamentos) em 1997 diante uma crise de corrupção, e as políticas ineficientes aplicadas à indústria naval.

Após utilizar momentos históricos vividos pelo país na área de saúde, Vecina passou a citar os inúmeros avanços tecnológicos que vão desde a IoT (Internet das Coisas) até mesmo a inteligência artificial e os wearable devices, lembrando, sempre, que é necessário aplicar este tipo de avanço na garantia da atenção básica. “Temos, no SUS (Sistema Único de Saúde), um modelo de atenção básica à família que cobre 60% da população e é reconhecido mundialmente. Já no sistema privado, que trata a doença, e não a saúde, há um desastre”, criticou.

Questionado por Fraccaro sobre quanto tempo precisaríamos para que boa parte da população brasileira tivesse acesso à saúde 4.0, Vecina analisou o atual cenário do país. “Se tivéssemos continuado em uma rota melhor de crescimento, nosso país, que é energeticamente independente e tem ampla capacidade de produção de commodities, poderia pensar neste acesso mais amplo em 15 ou 20 anos. Com um PIB maior, teríamos condições de investir muito mais em saúde”, finaliza.

Experiência internacional

Trazendo mais uma experiência internacional ao CIMES, Tobias Zobel, diretor executivo do Medical Valley (Alemanha), explicou esta rede de relacionamento entre hospitais, empresas e universidades, e mostrou que mesmo tendo uma evolução notável no comparativo com o Brasil, a Alemanha ainda batalha para vencer algumas barreiras na área da saúde. “Temos que pensar, no futuro, em como podemos crescer e aumentar o valor do paciente. Sabemos que este é um problema, visto que os custos são altos. Mas o novo mundo seria uma plataforma que centralizasse todos os dados”, declara.

Como sempre, a robotização é um tema em alta nos encontros sobre inovação da saúde. Desta vez, Zobel citou um estudo alemão que entrevistou pacientes sobre o quão confortáveis eles se sentiriam em uma cirurgia comandada por um robô. Na ocasião, 43% afirmaram não ver qualquer problema em uma operação robotizada com vantagens para o paciente. “Mesmo assim, precisamos de mais confiança”.

No encerramento, o debate foi aberto para a participação dos espectadores que puderam conversar de forma mais aberta com os palestrantes. A sexta edição do CIMES reuniu quase 400 participantes em dois dias de evento debatendo sobre os principais avanços tecnológicos das áreas médica e odontológica, além de promover o relacionamento entre todos os players deste mercado em ampla ascensão.