Apresentação 5º CIMES

Com o objetivo de discutir a efetividade das políticas públicas da saúde, bem como propor melhorias e novos caminhos para elevar a competitividade dos produtos nacionais, aconteceu nos dias 18 e 19 de agosto o CIMES (Congresso de Inovação em Materiais e Equipamentos para a Saúde). Este é um evento anual promovido pela ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios) que chegou à sua quinta edição e recebeu grandes nomes nacionais e internacionais da indústria, da academia e do governo na área da saúde para debates sobre a importância da inovação em equipamentos médicos e odontológicos.

Compuseram a mesa de abertura Franco Pallamolla, presidente da ABIMO; Ruy Baumer, presidente do Sinaemo e coordenador do BIOBRASIL/Fiesp; Marcus Vinicius de Souza, secretário de Inovação e Novos Negócios do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior); Maria Luiza Leal, diretora de inovação da ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial); André Limp, coordenador de projetos setoriais, representando o presidente Roberto Jaguaribe, da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos); Leandro Pereira, gerente geral de Tecnologia de Produtos para Saúde, representando Jarbas de Oliveira, diretor-presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária); Ricardo Rodrigues Fragoso, diretor geral da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas); e Mauro Guimarães Junqueira, presidente do Conasems (Conselho Municipal de Secretarias Municipais de Saúde).

Ruy Baumer deu início ao evento enaltecendo a continuidade do CIMES, que há cinco anos apresenta, a cada edição, visível crescimento: “A cada ano vemos sair daqui novas propostas e, principalmente, enxergamos seus resultados”, disse.

Embora estejamos num momento de restrição fiscal e redução de investimentos públicos em pesquisa de desenvolvimento e inovação, ainda é tempo de inovar, mesmo que nas questões regulatórias, segundo Marcos Vinicius de Souza, do MDIC. Em sua apresentação, ele abordou o Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, que promove ações de incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico. “A ideia do marco legal é aproximar as universidades das empresas, tornando mais dinâmicos a pesquisa, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação no país, além de diminuir a burocracia nos investimentos para a área, retirando algumas inseguranças jurídicas que causavam sérios problemas no relacionamento universidade-empresa”, disse.

A diretora de inovação da ABDI, Maria Luiza Leal, elogiou a apresentação do MDIC, destacando também a importância da questão regulatória. “O papel do governo é extremamente importante, e nem sempre há essa percepção”, disse. “Temos consciência de que existem coisas que andariam bem mais rapidamente se fossem da alçada apenas do setor privado.” Ela falou também da intenção da agência de se reaproximar do setor produtivo e integrar os conceitos de tecnologia e inovação ao aumento de produtividade e competitividade da indústria brasileira.

Para Leandro Pereira, gerente geral de Tecnologia de Produtos para Saúde da Anvisa, num mercado extremamente dinâmico como o de produtos para a saúde discutir a inovação é muito necessário: “Nesse contexto, a Anvisa tem papel bastante importante, pois sabemos que os países que têm mais inovações são os que têm regulação mais evoluída”.

Para Ricardo Rodrigues Fragoso, diretor geral da ABNT, a união entre os players envolvidos é um dos princípios que regem a normalização com base na competitividade e evolução tecnológica; por isso, quando governo, pesquisadores, empresários e fabricantes se unem com um objetivo em comum, renova-se a confiança em um Brasil melhor e cheio de oportunidades.

Competitividade internacional

André Limp, representando a Apex-Brasil, provocou os presentes a pensarem a respeito do desenvolvimento de competitividade por meio da internacionalização. “Esse desenvolvimento passa por uma mudança de paradigmas, na medida em que paramos de ver os negócios internacionais apenas como venda no exterior [e passamos] para um conceito de internacionalização do negócio brasileiro”, disse. Limp quis chamar as empresas para uma discussão sobre as vendas no exterior não serem apenas uma válvula de escape para o desaquecimento do mercado interno. “Quero deixar a pergunta: como é que as nossas empresas, e os grandes profissionais do setor de saúde, tendo potencial de criação e inovação tão grande, vão transformá-lo em crescimento de negócios de forma duradoura?”

Mauro Guimarães Junqueira, presidente do Conasems, trouxe um pouco da conjuntura e procurou o apoio dos presentes para, segundo ele, trabalhar no apoio ao SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo Junqueira, 150 milhões de brasileiros são usuários exclusivos do SUS e têm à sua disposição 49% de todos os recursos investidos em saúde. Os demais 50 milhões de brasileiros, que estão na saúde privada, têm 51% dos recursos. “Esse é um cenário que nos preocupa muito, ainda mais se levarmos em conta que mesmo aqueles que estão na saúde privada têm direito e usam – de uma forma ou de outra – a saúde pública.”

O presidente da ABIMO, Franco Pallamolla, finalizou a mesa de abertura reiterando os avanços em cada assunto já tratado nos últimos cinco anos de evento e também citou o delicado momento de redução de investimentos que vive o país: “Não podemos deixar de falar em curto prazo, na atual situação, que leva o empresário a adotar uma agenda de cortes para sua sobrevivência e que acabam penalizando a área de investimentos, principalmente em inovação”, disse. “Nosso objetivo aqui é, certamente, motivar os nossos colegas empresários a continuarem acreditando na cultura e na estratégia de inovação.”

O CIMES apresentou ainda palestras sobre a avaliação da gestão estratégica da inovação e trouxe painéis que abordaram onde estão as oportunidades em telessaúde para a indústria e o mercado de odontologia hospitalar. Houve também discussões sobre o desenvolvimento de Tecnologias Assistivas no Brasil, as oportunidades para inovação no mercado brasileiro por meio da odontologia digital, além de talk shows com foco em inovações que o Brasil já realiza – cases de sucesso da indústria médico-hospitalar e odontológica.

Rodada de Inovação Tecnológica

Participaram da Rodada de Inovação Tecnológica 24 empresas e 15 centros de pesquisa com o objetivo de reunir projetos compatíveis para parcerias em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias na área da saúde. A ação superou expectativas com as 80 reuniões realizadas nos dois dias de evento. Apesar da crise econômica e do momento político do Brasil, as empresas que participaram das rodadas transpareceram otimismo e não deixarão de investir e acreditar na inovação. “Os centros de pesquisa e as empresas conversaram sobre o desenvolvimento de inovações ou aprimoramentos significativos nos produtos e serviços que a organização oferece. Assim como [falaram] sobre o desenvolvimento ou a adoção de novos processos na instituição e inovações que implicam práticas de comercialização”, pontuou Clara Porto, gerente de marketing e exportação da ABIMO.